quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Sistemas de cotas: uma medida superficial

Em diversas universidades do Brasil, foi-se adotado o sistema de cotas, que consiste em uma medida do governo que cria reservas de vagas em instituições públicas ou privadas para classes sociais menos favorecidas. Essa medida divide opiniões em todos os âmbitos, pois essa separação prevista em lei tende a agravar ainda mais o racismo.
           
A justificativa abordada pelo governo, inclusive expressa na lei No 10.558, de 13 de novembro de 2002, é de que essa medida inserirá grupos socialmente desfavorecidos, como, principalmente, afrodescendentes e indígenas brasileiros, no ensino superior. Porém, essa reserva de vagas é apenas um “tapa-buracos” para os verdadeiros problemas que ainda estão presentes no Brasil. Problemas no nosso sistema educacional, que deixam à margem do aprendizado pleno estudantes da maioria das escolas públicas e de periferias. Além disso, as dificuldades enfrentadas por determinados grupos étnicos no período da colonização ainda são ressuscitados até hoje, e tais medidas podem se encaixar na qualidade de pagamento de um débito cultural e social promovido pelos indivíduos de classes “superiores”.

Nossos líderes políticos não vêem que separar nossas oportunidades de um futuro melhor com base na nossa cor não traz benefícios à nossa cultura? Como se já não bastasse essa diferenciação que nos remete ao Apartheid, ainda existem as controvérsias entre quem se encaixa no perfil de beneficiado pelo projeto ou não. Alguns críticos defendem o critério da autodeclaração, enquanto outros opinam que deveria existir uma banca de avaliadores para designar quem tem direito as cotas ou não. Pense no quão confortável e nada humilhante deve ser ter um grupo de pessoas te avaliando, decidindo o seu futuro com base na cor da sua pele, no quanto seus pais ganham, no tipo do seu cabelo ou no formato dos seus olhos e boca.


Não devemos nos contentar com esse sistema de cotas que age superficialmente. Os problemas sociais do nosso país são bem mais profundos e podem até estar ligados ao nosso passado de colonização, mas não devemos nos acomodar com essas medidas racistas. Nosso deficiti social está ligado à educação precária, à má distribuição de renda, à falta de oportunidades de emprego, entre outros diversos fatores. E para atenuar essa desigualdade brusca, cabe ao governo praticar ações conjuntas que ofereçam vantagens iguais para todas as classes sociais e cortem esses problemas pela raíz. 

Disponível em: www.thiagorodrigues.net

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